Um cadeirante incomoda muita gente, uma cadeirante incomoda muito mais

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cadeirante Amanda Lyra
Crédito: F9 Fotografias

Um cadeirante que convive bem com sua limitação incomoda muita gente, uma cadeirante que se sente plena, incomoda muito mais

É irônico imaginar que além de inúmeros preconceitos que existem em relação às pessoas com deficiências, a mulher cadeirante ou com qualquer deficiência ainda precisa lidar com o machismo descarado de algumas pessoas.

Tenho analisado algumas situações que precisam urgentemente de intervenção, como por exemplo o fato de algumas pessoas conseguirem compreender o fato de uma mulher seguir ao lado de um homem que tem ou adquiriu alguma deficiência (ainda que lidemos com os fatos de muitos acharem que é sorte – vide texto “Casamento de cadeirante não é sorte, é amor”) e acharem que “se fosse uma mulher virar cadeirante, o cara não ficaria”. É sério, já li isso algumas vezes e tento entender como podem pensar que uma mulher ficar ao lado do namorado/marido que se acidentou ou tem uma doença é algo natural, pois a mulher “foi feita para cuidar” e que o contrário não. Que um homem precisa automaticamente de uma mulher que seja fisicamente bonita e com todas as funções plenas, que ele trocaria de imediato se algo mudasse, como se fôssemos um produto.
E nem entrarei no mérito do preconceito sem tamanho que passam pessoas com deficiências homo, bissexuais e transgêneros em um relacionamento sério.

Outra coisa que me impressiona é acharem que um cadeirante não pode ter uma posição de destaque por seu trabalho, é como se a cadeira viesse em primeiro lugar, focando na deficiência e não na capacidade do indivíduo.

cadeirante

Para a mulher cadeirante é ainda mais difícil em vários aspectos, pois além de lidar com essas questões inerentes à todas as pessoas com deficiências, ela passa pelo processo de muitas vezes ter que explicar que mesmo necessitando de alguns auxílios, ela se mantém, trabalha, tem seus altos e baixos como todo mundo e pode ocupar cargos de chefia com maestria.

Algumas pessoas resolvem ignobilmente ignorar a luta de mulheres que estão na batalha há tempos e muitas vezes se posicionam como se uma deficiência fosse só um pretexto.
Enquanto isso, mulheres com ou sem deficiências estão ganhando o mundo com um trabalho bem feito, com muito amor e muita gratidão.

De pé ou sobre rodas, seguimos juntas sendo reconhecidas pelas nossas capacidades.

 

 

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Amanda Lyra – Cantora, compositora, produtora e apresentadora, cadeirante e idealizadora do Projeto Solyra. Diretora e Editora chefe do Expresso Livre e Portal VRNews!

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